30 de jun de 2022

PLC 2022 - sustentabilidade e segurança em projetos industriais

“caminhamos todos no mesmo sentido”

A 17.ª edição do PLC decorreu no último dia de junho. Talvez tenha sido por coincidência, talvez não. A verdade é uma: o evento, que foi realizado na data que marca o meio do ano, fez com que os cerca de 150 participantes olhassem para o futuro, relembrando o passado e pensando no presente. O local escolhido foi a ventosa cidade da Figueira da Foz, com eólicas em pano de fundo, abrindo caminho para as conversas que seriam tidas durante o dia. Lá, a Rittal, a EPLAN e a Phoenix Contact juntaram-se para falar sobre sustentabilidade e segurança em projetos industriais. Depois de recebidos com as palavras de boas-vindas das 3 empresas, os participantes do PLC foram apresentados a “Uma sociedade totalmente eletrificada”

“Uma sociedade totalmente eletrificada é aquilo que vai permitir dar respostas às necessidades que enfrentamos”, começou por dizer Michel Batista, Diretor Geral da subsidiária portuguesa da Phoenix Contact. Daí, traçou um retrato já conhecido por todos: a dependência do petróleo, as crises políticas, as alterações climáticas e o aumento da procura da energia. “É imperativo reduzir as emissões de CO2”, reforçou, apresentando a energia limpa como a alternativa certa para a crescente procura energética. Apesar das energias renováveis serem frequentemente indicadas como o caminho a seguir, Michel Batista lembrou que um dos grandes entraves dessa opção reside no armazenamento da energia produzida em baterias de lítio, altamente poluentes. “Até 2045, a procura energética vai aumentar 30%, mas a procura por energia fóssil vai acabar. Como vamos colmatar esta diferença?”, desafiou Michel Batista. Depois das energias renováveis e do o hidrogénio (que é facilmente armazenado) serem apresentados como soluções, uma voz na plateia do auditório, quase cheio, atirou “energia nuclear” para o ar. Contudo, a resposta certa estava muito longe dessa realidade. Segundo o Diretor Geral da Phoenix Contact, a peça fundamental para combater a crescente procura de energia vai ser a eficiência energética: “tudo que seja Smart”, disse.

É precisamente neste espaço que entra o papel das empresas presentes no PLC. “Hoje em dia vivem-se oportunidades tremendas. Todos são chamados a intervir e a participar”, afirmou, mencionando o investimento atual que se vive não só em Portugal, com o PNEC 2030, como um pouco por todo o mundo, como um incentivo para o trabalho que tem de ser feito. Para Michel Batista, “caminhamos para a sustentabilidade através dos recursos naturais e através da utilização de energia limpa” e a digitalização é uma facilitadora desta mudança, abrindo o caminho para a EPLAN que falou sobre “Sustentabilidade e segurança na plataforma EPLAN CLOUD”.

“O que é a sustentabilidade?”, começou por perguntar David Santos. O consultor da EPLAN apresentou várias definições, mas simplificou dizendo que não é mais do que manter algo durante muito tempo, sem que isso perda qualidade. “A nossa ideia é que através da sustentabilidade podemos desenvolver a sociedade, sem comprometermos o futuro”, afirmou.

Consciente de que todas as ações do dia-a-dia deixam marcas, David Santos confrontou a audiência com a dura realidade de que atualmente os recursos existentes não chegam para a totalidade do ano. “Em maio de 2022, já se lia que os recursos estavam esgotados a nível mundial”, disse, apontando que a história mostra que havendo um crescimento económico, existe um aumento da pegada ecológica. “O que devemos fazer então?”, questionou. Para o consultor, devemos ser proativos nas mudanças, ganhar mais consciência e reduzir ou eliminar a pegada através do sistema de compensação. É aqui que entra a EPLAN com os seus produtos que apoiam a digitalização, a redução do consumo de papel e a utilização dos recursos naturais de forma mais inteligente, apresentando o caso do projeto Natick da Microsoft que submerge datacenters, evitando a necessidade de sistemas de refrigeração.

A IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA

Outra temática apresentada durante o PLC foi a segurança, onde o Trust Center da EPLAN se destacou. Com medidas de segurança, normas e certificações, conformidades e o estado dos serviços, esta plataforma dá privilégio à segurança. “Existe uma equipa permanente que reage se notarmos alguma atividade suspeita. Os vossos projetos estão seguros connosco”, garantiu, impressionando muitos dos presentes.

“Há uma transformação da parte da EPLAN impressionante”, disse Jorge Faria da Mota, dando os parabéns a empresa parceira por ser produtora de software de referência. “É interessante como nós não comunicamos entre nós antes do dia de hoje, mas há uma parte central nas nossas apresentações: a transição energética. Caminhamos todos no mesmo sentido”, confessou o CEO da Rittal.

Ao fazer a sua apresentação “Transição energética- Desafios e oportunidades”, o CEO começou por citar um conhecido professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto “O esforço que todos vamos ter de fazer vai ser pouco para o que precisa de ser feito”, dizia à medida que ia apresentando factos sobre dependência de combustíveis fósseis, desperdício de energia, neutralidade carbónica e eletrificação.

No que toca às oportunidades atuais em Portugal, o Engenheiro Faria da Mota falou num crescimento exponencial da energia solar e no ainda recente interesse na energia eólica off-shore. Para além disso, o CEO da Rittal aprofundou os benefícios da aposta no hidrogénio verde, bem como nas suas possíveis utilizações, fazendo a ponte para as soluções oferecidas pela Rittal, tanto em sistemas de armários e distribuição de potência, como em soluções de energia e de edge datacenters escaláveis.

Depois de ouvidos os 3 organizadores do PLC, chegou a vez do convidado Nuno Casteleiro de Goes fazer luz sobre um dos temas fulcrais do evento: “Cibersegurança na Indústria”. O especialista em Segurança das Comunicações fez uma longa exposição sobre o tema cobrindo desde a sua definição e estratégia às ameaças, fragilidades e tipos de ataques, dando sempre exemplos de situações reais que ajudavam a plateia a perceber este assunto, muitas vezes abstrato.

“É necessário introduzir a segurança desde o dia zero. Não pode ser deixado para o fim. É preciso mudar essa ideologia”, reforçou o especialista, confessando que a maneira mais fácil de proteção é “pormo-nos nos pés de quem nos quer atacar.”

”Não existe risco zero. Há é formas de mitigação do risco até atingir um ponto aceitável”, explicou. Por vezes, é dada mais importância aos dados que estão online e o que está físico é esquecido. Segundo Casteleiro de Goes, isso não pode acontecer porque o nível de ameaça é semelhante: uma fotografia tirada a um papel esquecido em cima da mesa pode ser tão prejudicial como um email hackeado. De acordo com o que demonstrou, há passos que todos podem tomar para ter uma segurança maior, como a criação de passwords que não contenham palavras existentes no dicionário, aumentando assim o tempo que demorariam a ser descobertas.

WORKSHOPS E ATIVIDADES NA EXPOSIÇÃO DO PLC

A tarde do PLC foi marcada pela abertura da exposição do evento, que contou com vários desafios e muito networking. Do lado esquerdo do espaço, a Rittal convidou os participantes a responder a 4 perguntas sobre os seus produtos para se habilitarem a um prémio. Do lado direito, a Phoenix Contact apresentou 3 espaços distintos. Sob o tema COMPLETE line e, através da interligação com a EPLAN, a Phoenix Contact mostrou diferentes soluções para as diversas etapas de construção de um quadro elétrico de comando e controlo. Na área sobre a mobilidade elétrica, esteve em destaque uma solução de carregador rápida da I-Charging. Por último, houve uma área dedicada à cibersegurança, onde se reforçou a importância desta temática com um desafio de proteção que impediria um ladrão de roubar todos os dados. Ao centro, a EPLAN ligava o evento com 2 estações de workshops onde se demostravam os produtos desenvolvidos com as empresas vizinhas.

Para além disso, a exposição da PLC contava com a presença da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) e do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), no âmbito do programa EduNet da Phoenix Contact, demonstrando o papel fundamental do investimento na formação para a criação de um futuro melhor.

O evento terminou com uma celebração da Phoenix Contact que festejava o 50.º aniversário de um dos seus produtos e com muitas selfies dos participantes a utilizar o boné preto do PLC.